Por Maria Cristina Lahr
Tempo de leitura: 6 minutos
Esse é mais um dos artigos que trata de gestão de pessoas. Já falamos da importância da descrição de cargos para que o recrutamento e a seleção sejam assertivos, tratamos sobre a necessidade de deixarmos bem claro para nossos colaboradores as regras do jogo e discorremos também da indispensabilidade da avaliação de desempenho ser objetiva e baseada em critérios bem claros.
Para seguirmos nesse assunto, hoje vamos explorar um pouco mais os treinamentos. Muito falamos sobre a importância de treinar e desenvolver pessoas, mas será que sabemos mesmo o que isso significa? Henry Ford já dizia que “pior que treinar um funcionário e ver ele sair é não treinar o funcionário e ver ele ficar”. Já tinha pensado nisso?
Não é novidade para ninguém que a qualificação profissional na hotelaria (eu ousaria até dizer sobre a qualificação do pessoal dos serviços em geral) é baixa. Todos nós que estamos na área já percebemos que após o período de pandemia que vivemos o desafio de ter uma equipe qualificada é ainda maior. Muitos empregadores procuram profissionais qualificados, mas não se propõem a treinar e desenvolver talentos.
Todos os dias chegam até mim mensagens e e-mails de empregadores que buscam profissionais capacitados e com experiência. Como docente da área, normalmente tenho indicações de bons alunos, mas que ainda possuem pouca experiência no mercado. A resposta é quase sempre a mesma: “ah, que pena, não tenho tempo para treinar. Preciso de alguém que já tenha experiência”. E assim, sigo, dia após dia e confesso que muitas vezes não entendo qual é o milagre que o “mercado” tanto deseja.
Treinar é investir, é desenvolver pessoas para que essas pessoas fortaleçam sua empresa. Treinar é crescer junto! Treinar demanda tempo, propósito e alguma paciência. E é sobre o propósito que eu quero falar. Treinar é legal, mas precisa de objetivo, planejamento e não deve ser feito só por fazer.
Uma vez um meio de hospedagem me chamou para dar um treinamento para sua equipe de governança. Eu sempre fico muito animada com esses pedidos. Cheguei na nossa primeira reunião de planejamento e quis logo saber o que iríamos abordar nesse treinamento, quais eram os objetivos e metas a serem alcançadas com ele. Os proprietários então me responderam que só queriam treinar. Simples assim, sem motivo, sem planejamento, mas que achavam que a equipe precisava.
Lembram do famoso Gato Cheshire de Alice no País das Maravilhas: “Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”. Mas em um treinamento você precisa saber onde quer chegar, caso contrário é tempo e dinheiro jogados fora, na certa!
Então vou te contar um outro caso, e desta vez muito positivo. Uma pequena empresa hoteleira me contratou para fazer um treinamento também com a equipe de governança formada por três arrumadeiras e uma auxiliar de serviços gerais. Eles me apresentaram a avaliação de desempenho da equipe realizada no mês anterior. As colaboradoras foram avaliadas em alguns critérios que faziam parte das tarefas, responsabilidades ou características do cargo que ocupam (tirados da descrição de cargos). Veja abaixo a avaliação de desempenho que me foi apresentada:
A carinha feliz significa que a colaboradora já atendia a aquele critério, a intermediária que ela estava em desenvolvimento e a carinha triste dizia que o parâmetro não tinha sido alcançado. O círculo cortado ao meio sugere que aquele critério, por algum motivo, não tinha sido avaliado. Vejam que a auxiliar de limpeza (na coluna 4) não foi avaliada quanto a arrumação de camas pois essa atividade não faz parte das suas tarefas.
Pois bem, em menos de meia hora chegamos à conclusão que para desenvolver aquela equipe era necessário trabalhar questões relacionadas à organização do trabalho, cuidado e manejo do enxoval e do material de limpeza, uso correto do EPI (equipamento de proteção individual), agilidade e, principalmente, noções de registros e documentação. Neste caso, haviam conhecimentos, habilidades e atitudes a serem evoluídas.
Conseguem perceber a diferença entre os dois casos? No primeiro o treinamento seria apenas um protocolo, quase uma obrigação. No segundo, através da avaliação de desempenho era possível enxergar as necessidades da equipe. Você pode estar me perguntando, mas Cris, as coisas não são tão simples assim. Eu preciso de uma descrição de cargos bem feita para garantir uma avaliação de desempenho adequada para enfim ter um treinamento que tenha propósito. Sim! É isso mesmo. Gerir pessoas não é a coisa mais fácil de fazer, mas ver pessoas se desenvolvendo e evoluindo é uma baita recompensa para qualquer gestor que se preze.
Se você tem tido dificuldades em relação à gestão e liderança de sua equipe, se sabe que precisa dar treinamentos, mas não sabe muito bem por onde começar para ter resultados assertivos não deixe de nos procurar. Entre em contato conosco através do e-mail ou aqui nos comentários e vamos conversar. Todos os meses abrimos nossas agendas para mentorias gratuitas e podemos te ajudar.
Estamos à disposição!
Um grande abraço;
Cris
Maria Cristina Lahr, a Cris, é hoteleira, professora do SENAC Aclimação e Hotec, dá treinamentos e é consultora nos negócios de hospitalidade. Saiba mais sobre ela no BeMyGuest, acessando o link.
Créditos da imagem: <a href='https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/bloco-de-madeira'>Bloco de madeira foto criado por jcomp - br.freepik.com</a>
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