Por Maria Cristina Lahr
Tempo de leitura: 6 minutos
Pode ser que o exemplo que eu vou trazer hoje seja um desafio que o seu meio de hospedagem tenha passado ou esteja passando após o período de fechamento ocasionado pela pandemia de Covid-19: a dificuldade em conseguir mão-de-obra. Todos os setores da hotelaria foram atingidos, mas até por conta da minha experiência na governança tenho recebido inúmeras mensagens e telefonemas de hoteleiros e gestores praticamente desesperados por camareiras (os).
Fala-se mais que nunca na carência de qualificação na área
e, principalmente, em treinamentos para profissionais - que já estão no mercado
- se tornarem mais produtivos. E é sobre essa tal de produtividade na
governança que vamos falar hoje.
Produtividade nada mais é que a relação entre UH a serem
limpas e a quantidade de profissionais que trabalharam (em um determinado
período de horas (sete horas e vinte ou oito horas no nosso caso). Para ficar
claro vou dar um exemplo. A pousada da Cássia tem 40 UH. Ana e Mário são
camareiros e conseguem limpar, juntos e com eficiência, 32 unidades por dia. Então a produtividade da
equipe é em média 16 unidades por dia. Quando a ocupação está alta Cássia
contrata mão de obra extra.
Tenho certeza que passou pela sua cabeça a seguinte
pergunta: Quantas unidades habitacionais uma camareira ou camareiro deveriam
conseguir limpar por dia? Como devo dividir as tarefas para que meus colaboradores
tenham o que eu costumo chamar de “sensação de justiça”?
As perguntas podem parecer simples, mas a resposta não é
exata, muito menos matemática. A quantidade de unidades produzidas por um
profissional vai depender de alguns fatores como:
- Tamanho da UH;
- Quantidade de camas
da UH;
- Quantidade de
detalhes da unidade (amenidades, papelaria, frigobar etc.);
- Organização do
pré-trabalho que nada mais é que ter equipamentos, materiais e enxoval prontos
para o uso;
- Existência ou não de um profissional que
faça a vistoria da unidade;
- Produtividade da
equipe.
Se você trabalha ou
já trabalhou no setor de governança de qualquer meio de hospedagem deve saber
que quando as tarefas são divididas pela manhã rola o tal do “pescocinho de
girafa” entre as camareiras (os). Um (a) querendo espiar no relatório do (a)
outro (a) quantas saídas e quantas arrumações os colegas precisam cumprir. E é
aqui que entra a “sensação de justiça”. Se Mário vai fazer 6 saídas e 10
arrumações e Ana 7 saídas e 9 arrumações, Ana pode se sentir injustiçada.
Apesar de ambos limparem 16 unidades Ana pode alegar que a saída demora mais e
é mais complicada.
Olha
que situação difícil, dividir números ímpares (13 saídas e 19 arrumações) por
2! Como Cássia pode fazer para resolver esse problema? No geral uma conversa franca e algumas
anotações podem ser suficientes. Cássia pode explicar que no dia seguinte ou na
próxima oportunidade Mário fará mais saídas e Ana mais arrumações. O importante
neste caso é ser fiel ao combinado!
Ok, Cris, você pode
estar pensando, já entendi que é sempre muito difícil agradar a toda a equipe.
Mas o que eu posso fazer? Outra
possibilidade é Cássia observar, estudar e fazer contas. Após dez dias
acompanhando o trabalho de Ana e Mário ela concluiu que a limpeza de saída leva
aproximadamente trinta minutos e a arrumação 12 minutos em média. Então, em um
dia como o acima Mário comprometeria 300 minutos (dos 440 minutos das 7h20
trabalhadas) e Ana 318 minutos. Sendo assim, Mário pode ficar responsável pela
separação e contagem das roupas para envio à lavanderia.
Mas nessas contas
todas Cássia percebeu que Ana e Mário ainda tem mais de 1h30 (além da hora de
almoço) que não usam para as limpezas e percebeu que eles gastam muito tempo
indo e voltando da copa de apoio (ou depósito de material de limpeza) porque
sempre esquecem alguma coisa. Percebeu também que a lavanderia tem atrasado as
entregas e que muitas vezes Ana e Mário precisam voltar nas unidades limpas
para incluir toalhas ou mesmo fazer a cama com o enxoval recém chegado da
lavanderia.
Através dessa observação, Cássia percebeu que precisará marcar uma reunião com a lavanderia que atende a pousada e verificar esses prazos e horários de entrega. Vai precisar também verificar quanto de enxoval a pousada possui e se esse número está adequado à operação. Já fiz um artigo sobre a quantidade necessária de enxoval para garantir uma operação eficiente. Se você ainda não leu leia aqui.
Além de tudo,
talvez seja necessário fazer um treinamento com Ana e Mário para que eles
arrumem seus carrinhos de forma a não precisarem voltar tantas vezes ao ponto
de apoio e ganharem agilidade e consequentemente a tão almejada produtividade.
Vocês perceberam
que o problema de baixa produtividade nem sempre é responsabilidade apenas dos
camareiros? É
muito importante que você observe a operação do meio de hospedagem com
critérios para que perceba quais os pontos precisam ser corrigidos ou
simplesmente acertados.
Se você não sabe
muito bem como começar esse trabalho, pode conversar conosco através do e-mail,
dos comentários ou ainda marcar uma mentoria gratuita. Ficaremos muito felizes
em poder ajudar. Pode ser que você não
precise de mais profissionais, precise apenas de uma equipe mais produtiva.
Estamos à sua
disposição!
Um abraço;
Cris
Maria Cristina
Lahr, a Cris, é hoteleira e atua na docência e na consultoria de negócios
hospitaleiros. Saiba mais sobre ela no BeMyGuest, acessando o link.
Créditos da imagem: <a
href='https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/profissional-de-limpeza'>Profissional
de limpeza vetor criado por jemastock - br.freepik.com</a>
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